A importância do storytelling
para o mundo dos negócios

Há alguns anos, o mundo corporativo vem tentando descobrir qual é a melhor estratégia para engajar as pessoas e fazer com que elas se identifiquem verdadeiramente com os valores e propósitos das empresas. Na verdade, a solução é mais simples do que parece e está relacionada a uma técnica narrativa bastante conhecida, que existe desde os primórdios da humanidade: o storytelling.

Mas para compreender sua aplicação no ambiente organizacional, precisamos dar um passo atrás e refletir sobre o que é o storytelling. Ele nada mais é do que a arte de contar histórias para criar empatia, seja com pessoas (personal brands) ou empresas (marcas institucionais).

Ao considerar as afinidades como uma mola propulsora que leva os indivíduos a confiar uns nos outros, é possível entender a importância dessa técnica para os negócios. Quando colocamos o storytelling nesse contexto, permitimos que as pessoas tenham uma aproximação e se sintam envolvidas pela marca ou pelo executivo. No momento em que isso acontece, tudo flui em uma velocidade diferente.

O poder do storytelling

Se pensarmos na história da humanidade, perceberemos que ela é feita de micro-histórias. O Natal, por exemplo, é uma história. Pelo fato de as pessoas acreditarem nela, elas trocam presentes, enfeitam a árvore, fazem a ceia, seguem as mesmas regras e criam centros de cooperação, que representam o verdadeiro poder do storytelling.

Ao levar esse contexto para a empresa, tanto no momento de fechar negócios quanto no momento de atrair os profissionais certos, também é preciso estabelecer centros cooperativos. Se você contratar uma pessoa para sua companhia, ela vai acreditar na sua história e compactuar com os seus valores e normas, o que é chamado de cultura. Quando a organização tem uma cultura forte, tudo torna-se possível.

O mesmo acontece com o mundo dos negócios. A Apple, por exemplo, que apresenta o slogan “Pense diferente”, é feita de histórias. Quando uma pessoa compra os produtos da empresa, significa que ela imediatamente sai do status quo. Com isso, as marcas e os executivos conseguem usar o storytelling para criar centros cooperativos, e isso é muito poderoso, tanto para o bem quanto para o mal.

O nazismo também foi uma história, que teve Hitler como protagonista. Ele usou o storytelling para causar a destruição e criou centros de cooperação, que, na verdade, eram centros de concentração. As pessoas acreditaram tanto na história de superioridade da raça ariana que elas se engajaram na causa nazista sem questionar as regras estabelecidas.

Isso mostra que o storytelling tem um poder de mobilização muito grande, porque quando as pessoas acreditam em uma história, elas realmente se envolvem. Quando as narrativas são usadas para o bem, como fizeram Gandhi e Mandela, é possível alcançar resultados extraordinários, tanto para a vida pessoal quanto para a carreira.

O storytelling no mundo corporativo

Os executivos estão começando a perceber a importância do storytelling no ambiente corporativo, mas esse movimento ainda é muito embrionário, porque o mundo permanece repleto de dogmas que necessitam ser quebrados. Apesar disso, estamos falando de uma tendência que não regride.

Os gestores precisam entender que se eles não utilizarem o personal storytelling, focado na marca pessoal, vão comprometer sua liderança. Isso acontece porque as pessoas não querem apenas receber ordens, mas compreender por que devem cumprir determinadas normas, que é onde reside o propósito.

Essa mudança de comportamento começa a colocar em xeque todas as nossas macroinstituições, como o governo, a escola, a religião, as ONGs, as empresas e a família. Os indivíduos desejam cada vez mais ouvir histórias melhores e se eles não acreditarem nas narrativas dessas instituições, não haverá cooperação.

Histórias que engajam

O grande desafio do mundo corporativo é fazer com que o executivo abrace o storytelling. A premissa dessa técnica parte da necessidade de você se desnudar, mas, normalmente, as pessoas só querem contar sobre o próprio sucesso e sobre como elas são felizes, o que é uma tendência reforçada pelas redes sociais.

Mas o storytelling não é isso. Ele também contempla o compartilhamento das suas aspirações, frustrações e perdas, porém os executivos encaram esses elementos como sinal de fragilidade. O fato é que quanto mais íntimas forem as histórias, mais elas vão conseguir engajar o público, e é nesse ponto que os gestores têm dificuldade de cruzar a linha.

Quando os líderes começam a entender isso, percebem que a fraqueza no século XXI é uma força, que cria identificação e mostra que você é humano como os demais. As pessoas não querem mais acreditar na figura do super-herói ou em personagens que não têm problemas, porque isso não traduz a vida real. Por isso, abraçar a vulnerabilidade é fundamental para criar centros de cooperação.

Acredite na sua história

A minha formação em artes cênicas foi muito importante para eu entender a importância do storytelling, mas o momento-chave que me fez perceber a potência dessa técnica narrativa foi quando atendi uma presidente francesa de um banco. Quando ela chegou ao Brasil para liderar a operação no país, percebeu que as histórias da França não faziam sentido por aqui, e que se não colocasse em prática os códigos da cultura brasileira por meio de histórias, iria perder todos os seus vice-presidentes, o que já estava acontecendo.

A partir do momento em que ela começou a entender a importância do storytelling e a compartilhar as histórias de um jeito diferente, o jogo virou completamente. Foi então que eu percebi o quanto aquilo era mobilizador, transformador e capaz de fazer com que a gente viva em um ciclo de aprendizado contínuo.

Não importa o quanto você se esforça para esconder alguma coisa, porque ela vai acabar aparecendo, de um jeito ou de outro. Então, já que ela vai aparecer, por que não compartilha isso como algo genuíno? Quando você acredita na sua história e perde o medo de compartilhá-la, pode ter certeza de que isso vai ajudar outras pessoas de alguma maneira. Portanto, desnude-se, enxergue suas fraquezas como uma força e conte a sua história.

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